Delírio Casto








Por entre a calma flamejante
de uma alma incerta
Em meio ao viço dos encantados,
frente aos bichos dos mais selvagens

Correnteza que move-se de cima a baixo

Por entre as folhas 
de um outono em vão erguido
E para além de um frondoso
Jardim de inverno

Delírio casto de raíz profana
Inimigo prímer
De qualquer império

Pois, bem sabem descrever 
Os letrados
Jurando-lhe dedicação eterna

Correm os anos em desvendar
Por que mesmo em meio a cegos
A loucura se mostra
em face tão bela?

O.S.Q. Júnior
























O céu sorriu para mim





O céu sorriu para mim
Bem no canto de uma certa estrada
Fitou-me com um brilho vário e
Gentilmente, tocou-me a pele


Passou por mim veloz,
Uma outra vez assim
Ainda lembro do instante
Em que o céu sorriu pra mim


Não era dia, estava escuro
e por volta da meia-noite,
apenas seus olhos a me observar
em cintilos e versos mudos,
suspiros vãos a me consumir os minutos


Até hoje não consigo acreditar,
Que por mais uma vez,
à beira-mar
O céu sorriu pra mim


Queria contar-me as estrelas
Nos grãos de areia
E fazer quieto meu coração
no balanço da maresia


Não resisti e em seus encantos
Me detive
Meus lábios ardiam flamejantes
Motivados por uma nova razão


Tive, num interstício de segundos
todo amor do qual jamais tive novamente
Encantos mil
De um momento sublime no qual
padeceria até o mais valente guerreiro,
Como que à espada do inimigo


Agora não olhava mais ao redor
Não importava
O céu amou a mim
O céu amou amim


Dormi recostado em seu dorso,e
Pela manhã
De algum modo
não brilhava mais seu semblante


Convenci-me que, enfim
Como toda paixão,
Este romance acabara fugazmente
Ao primeiro raio de sol


Mesmo assim
O aguardo na janela
Pois não cesso de acreditar
Que mais uma vez o céu sorrirá para mim

(Osvaldo Soares Queiroz Júnior)

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